Diante das conquistas ganhas e dos desafios a vencer, penso que as mulheres de hoje ainda têm as mesmas interrogações que suas antepassadas. Ser Água ou Terra? Fluir, seguir ou fixar, manter?
O título do soneto abaixo, dado por sua autora, a poeta, escritora e dramaturga, Hilda Hilst, antecipa em suas, como disse Neruda ... quatorze tábuas, o conteúdo que desvenda o pensar mulher: um tratado de dúvidas e certezas solidamente presos ao sentimento e a razão.
Saiba mais sobre o que digo, ao ler Nelly Novaes de Coelho - ensaísta, crítica literária e professora, falar sobre o Sonetos Que Não São, no Portal Cultural Hilda Hilst. Porém se preferir, vá direto ao soneto.
"Em metáforas quase transparentes, aí fala a mulher dividida entre o desejo de ser a “esposa” (presença estável, refúgio, proteção, mãe-geradora-de-vida que prolonga o amado no tempo...) e o impulso apaixonado de ser a “outra” (a mobilidade da paixão, a Aventura existencial, a voragem do prazer, onde o eu como que explode em plenitude e por instantes o Momento se identifica com a Eternidade). Terra e água, os elementos primordiais da criação do mundo, são as metáforas que Hilda Hilst toma dos versos de Péricles Eugênio da Silva Ramos (um dos poetas mais representativos da Poesia-45 brasileira): “Aflição de ser terra / Em meio às águas”. Glosando-as, no soneto em questão, a poeta inverte os termos: sente-se “água em meio à terra”. Inversão significativa que, alguns anos depois, será desfeita, pois a poeta vai-se afirmar como “terra”.
Sonetos Que Não São - Hilda Hilst
"Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha)
Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra."
Hilda Hilst
Poeta, escritora e dramaturga, produziu uma vasta obra, por um período de quase cinquenta anos, recebendo por ela os prêmios mais importantes da Literatura e da Dramaturgia, como o Prêmio PEN Clube de São Paulo, pelo livro Sete Cantos do Poeta para o Anjo, e o Prêmio Anchieta pela peça O Verdugo.
Releituras
InfoEscola
"Aflição de ser água em meio à terra
ResponderExcluirE ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel"
Olá amiga!
ResponderExcluirLindo poema, não conhecia, e esse verso que destacaste é muito belo e inspirador, merece atenção. Parabéns pelo post...amei a escolha da imagem, muito linda também!!!
Abraços... Tenhas uma ótima e abençoada semana!!!
Olá Sandra querida, quando penso Sandra Stegues, logo me vem a mente, a linda praia de suas férias: que lugar MARAVILHOSO.
ExcluirFicamos felizes que tenha gostado. Acho que ser mulher é muito mais que sexo e beleza. Somos uma dádiva de Deus não só aos homens, mas ao universo como um todo. E vi no soneto de Hilda Hilst, uma manifestação da dúvida que todas temos: ser água ou terra.
Um abraço e uma ótima semana.
Parabéns pelo post muito bom, o verso é muito bonito e a imagem estar perfeita.
ResponderExcluirPuxa amiga muito obrigada por ter gostado. Obrigada também por sua visita.
ExcluirNo final acho que somos um pouco de um ou de outro. Mas se pensar melhor...
Um abraço!!!!!
Olá parabéns pelo blog, tem muito conteúdo bem aqui. Estou seguindo o seu blog, se gostar do meu não deixe de retribuir a visita, estou aceitando parceiros caso esteje interessado.Obrigado!
ResponderExcluirHerbet Basílio
http://herbetbasilio.blogspot.com.br/
Olá Basílio, muito obrigada por sua visita. Ficamos felizes de ter gostado no nosso blog.
ExcluirDeixe comigo que logo estarei pintando no seu pedaço.
Um abração!!!